expressão visual, materializada na tela, de um cálculo efetuado pelo
computador, conforme as instruções de um programa. Se alguma coisa
preexiste ao pixel e à imagem é o programa, isto é, linguagem e
números, e não mais o real. Eis porque a imagem numérica não
representa mais o mundo real, ela o simula. Ela o reconstrói, fragmento
por fragmento, propondo dele uma visualização numérica que não
mantém mais nenhuma relação direta com o real, nem física, nem
energética. A imagem não é mais projetada, mas ejetada pelo real, com
força bastante para que se liberte do campo de atração do Real e da
Representação. A realidade que a imagem numérica dá a ver é uma
outra realidade: uma realidade sintetizada, artificial, sem substrato
material além da nuvem eletrônica de bilhões de micro impulsos que
percorrem os circuitos eletrônicos do computador, uma realidade cuja
única realidade é virtual”.
COUCHOT, Imagem máquina: 42.
Tínhamos na fotografia e no vídeo, como um documento da realidade, muitas vezes uma prova
de um acontecimento, fotografias eram usadas como provas de um fato ocorrido. Mesmo a
fotografia analógica, uma fotografia construída através de reações químicas e que
consequentemente gera um negativo, uma prova material da realidade, mesmo a fotografia
analógica, mesmo sendo mais difícil, ainda sim, pode ser adulterada, mais do que isso, a cena
registrada pode ser alterada, a realidade é volatilizável. Susan Sontag (1977), em seus estudos
filosóficos sobre a fotografia descreve o caso em que fotografias de guerra não tinham seus
negativos adulterados, mas a própria cena do crime. Quando os fotógrafos, por questões
estéticas e na procura por um melhor enquadramento, mudavam a posição dos corpos no campo
de batalha, na busca por uma foto mais “harmoniosa”, por uma composição “perfeita”. Desde
os tempos remotos da fotografia, a veracidade das imagens sempre fora contestada, se não,
ficcionada. A realidade do fato sempre foi colocada em questão, o que seria o enquadramento
do fotógrafo para uma foto se não um recorte dessa realidade, já a princípio, uma ficção.
No começo do livro A Câmara Clara de Roland Barthes, o autor diz:
“Um dia, há muito tempo, dei com uma fotografia do último irmão de
Napoleão, Jerônimo (1852). Eu me disse então, com um espanto que
jamais pude reduzir: ‘Vejo os olhos que viram o Imperador.’ Vez ou
outra, eu falava desse espanto, mas como ninguém parecia
compartilhá-lo, nem mesmo compreendê-lo (a vida é, assim, feita a
golpes de pequenas solidões), eu o esqueci”. BARTHES, 2015: 11
No livro, o autor analisa as questões sobre a fotografia como memória e registro. O que era
antes um privilégio destinado aos artistas, o registro de determinadas épocas através da pintura,
com o advento da fotografia o registro se democratiza, não sendo mais a construção da imagem
destinada apenas aos pintores. O texto de Barthes explicita essa passagem do tempo, de como