Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
63
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS
TEXTUAL DO CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE
EDUARDO GALEANO
TAROT AND MAJOR ARCANA: SYMBOLIC COMPONENTS OF THE TEXTUAL
NARRATIVES OF THE STORY “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” BY
EDUARDO GALEANO
TAROT Y ARCANOS MAYORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DE LAS
NARRATIVAS TEXTUALES DEL CUENTO “ HISTORIA DE LA REDENCIÓN DE
LA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
Leticia Fátima Arruda
leleleticia1313@gmail.com
Resumo
O presente artigo pretende relatar e discutir o uso do Tarô com foco nos arcanos maiores para
compreender a narrativa textual da obra literária de Eduardo Galeano, em seu livro Palavras
andantes, especialmente no conto “História da Redenção da pobreza”, em que o autor conta a
história de uma vila e suas dificuldades de sobreviver, até que, em certo momento, um homem
de nome Felicinto encontra um emaranhado de dificuldades em seu trajeto na vida, sendo que
o uso do Tarô vem para simbolizar alguns personagens e suas ações, em particular utilizando
os arcanos maiores com 22 cartas, cujo objetivo é auxiliar e prever o futuro. Além disso, será
abordado o descobrimento do Tarô, que é um campo misterioso e envolvente. Países como
China, Índia, França e Egito fizeram o uso das cartas para descobrir o futuro, como calendário
e para jogatinas e notícias da realeza da época. Por esses e outros usos, a migração dessas
cartas popularizou-se no mundo do esoterismo e da arte.
Palavras-chave: Migração; Esoterismo; Tarô; Arte; Eduardo Galeano.
Abstract
This article intends to report and discuss the use of Tarot with a focus on the major arcana to
understand the textual narrative of the literary work of Eduardo Galeano, in his book
“Palavras andantes” focusing on the short story “História da Redenção da pobreza” where the
The author tells the story of a village and its difficulties in surviving until a certain moment a
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
64
man named Felicinto finds a tangle of difficulties in his path in life, therefore, the use of Tarot
comes to symbolize some characters and their actions using the major arcana with 22 cards
whose purpose is to help and predict the future. In addition, the discovery of the Tarot will be
addressed, which is a mysterious and involving field, countries like China, India, France,
Egypt had the use of cards to discover the future, as a calendar, and even, as games and news
from the royalty of time, among these and other uses, the migration of this card popularized
the world about esotericism and art.
Keywords: Migration; Esotericism; Tarot; Art; Eduardo Galeano.
Resumen
Este artículo tiene como objetivo informar y discutir el uso del Tarot con enfoque en los
arcanos mayores para comprender la narrativa textual de la obra literaria de Eduardo Galeano,
en su libro Palavras andantes” con foco en el cuento História da Redenção da pobreza”
donde el autor narra la historia de un pueblo y sus dificuldades para sobrevivir hasta que en
determinado momento un hombre llamado Felicinto encuentra una maraña de dificultades en
su camino de vida, por ello, el uso del Tarot viene a simbolizar algunos personajes y sus
acciones utilizando el arcanos mayores con 22 cartas cuyo propósito es ayudar y predecir el
futuro. Además, se abordará el descubrimiento del Tarot, que es un campo misterioso y
envolvente, países como China, India, Francia, Egipto tenían el uso de las cartas para
descubrir el futuro, como calendario, e incluso, como juegos y noticias, desde la realeza del
tiempo, entre estos y otros usos, la migración de esta carta popularizó el mundo sobre el
esoterismo y el arte.
Palabras clave: Migración; esoterismo; Tarot; Arte; Eduardo Galeano.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
65
INTRODUÇÃO
O percurso deste artigo, pretende desmitificar a história da obra de Eduardo Galeano,
utilizando o Tarô como abordagem de reflexão e narrativa textual, para refletir os personagens
do conto “História da Redenção da pobreza”, em que o personagem Felicinto passa por
diversas trajetórias complicadas. Sendo assim, ao utilizar as cartas do Tarô para especulações
e envolvimento da obra, os arcanos maiores serão o foco neste projeto por auxiliarem nesta
jornada de descoberta dos personagens, ou seja, o esoterismo será o foco desta busca de
enredo que Eduardo Galeano criou ao trazer um compilado de simbolismos do Tarô como um
baralho divinatório ocultista, o qual possui fontes desconhecidas de sua criação. Entre o
século XV e o XVII o tarô era dita como uma ferramenta de descoberta do futuro, conversa
com deuses, calendários e até jogatinas e torna-se chave para analisar esta história que se
passa na contemporaneidade.
Desta maneira, a migração das cartas do Tarô para diversos países, torna-se também fonte de
especulação neste projeto, visando compreender a arte do esoterismo com foco nas relações
humanas; sendo que a subjetividade entre a arte e a vida, mediante o uso do tarô encontram
seu auge nas questões de relacionamentos, saúde e trabalho, que estarão presentes neste
artigo. Logo, tudo em nossa volta é simbólico e intuitivo, apesar de centralizarmos o racional
como a única fonte de descoberta das coisas. Portanto, o aprofundamento no Tarô é
fundamental para aprimorar as muitas culturas que permeiam os estudos até hoje.
Portanto, abordaremos o uso do esoterismo como estudo neste artigo, mesmo que a palavra
“esoterismo” seja uma noção estritamente ocidental, o termo esoterismo surge pela primeira
vez em 1742 por um autor maçom, remetendo a um ensinamento interno, ou secreto,
ministrado nas lojas apenas para os integrantes (Laurant, 1995, p.12); neste sentido,
compreendemos que a palavra tem um teor de mistério e energia individual do pensamento de
cada indivíduo. No entanto, o termo esoterismo contempla outros estudos:
1.O de um caminho ou prática que dirige aquele que o segue a um
lugar o qual conteria um tipo superior de conhecimento através do
contato direto com a tradição. 2. O de conhecimento rejeitado,
marginalizado por uma tradição hegemônica. Faivre, 1994, p.10.
Nestes termos, continuaremos a pesquisa, para que o uso do Tarô se envolva na compreensão
simbólica da obra de Eduardo Galeano.
Portanto, o artigo irá resultar na seguinte estrutura para o desenvolvimento da obra: a
compreensão da história do Tarô, enfatizando o uso dos arcanos maiores e relembrando os
arcanos menores, bem como a história da migração das cartas; além disso, as cartas da
sacerdotisa, do louco, do diabo e do mago serão exemplificadas figuradamente como análise
visual, logo, envolveremos a história cultural e complementar do esoterismo e simbolismo;
analisaremos a narrativa textual da obra “História da Redenção da pobreza” e a inter-relação
do simbolismo e do Tarô. Também haverá a reflexão da obra de Eduardo Galeano com o
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
66
preceito do esoterismo, simbolismo, intuição, com os componentes simbólicos dos arcanos
maiores, que terão um papel crucial para relacionar esses símbolos com a história da redenção
da pobreza.
HISTÓRIA DO TARÔ
Para darmos início à história do Tarô, é preciso observar que sua origem é desconhecida e
mística, ou seja, não existe um fundador do baralho de Tarô para podermos intitular um nome
preciso. Neste sentido, a ascendência da palavra Tarô é corruptela de Toth, considerado o
antigo deus egípcio da magia e da sabedoria como um possível fundador das cartas. Além
disso, são diversas histórias e países das civilizações antigas que fazem parte da construção do
legado com que o baralho místico marcou o mundo. Mediante os pensamentos de Aranha
(2010, p.1): “O Tarô é um baralho de cartas de origem misteriosa e desconhecida. Sabe-se que
sua existência é de no mínimo seis séculos”, portanto, para os pesquisadores desta linha, o
Tarô teve início no Antigo Egito, no livro de Toth, contudo, não devemos nos limitar somente
a esta civilização. Antigamente as pessoas não tinham a facilidade de comunicação, o papel
não havia sido descoberto e, portanto, outros estudos acerca da origem das cartas são
relevantes. O Tarô também se desenvolveu nas culturas orientais Chinesas, Indiana e Persa,
visto que, jogos como dominó e xadrez tiveram sua origem nestas mesmas culturas. Além
disso, é neste mesmo período, que a utilização do papel como comunicação foi sendo
ampliada para todos os territórios, trazendo, assim, mais especificidades de criação do Ta
em cada cultura, bem como suas diferentes maneiras de pintar, simbolizar e explicar.
Notadamente, o baralho se constitui de 78 cartas, divididas entre arcanos maiores, com 22
cartas, e arcanos menores, com 56 cartas. Foram inseridos mais tarde no baralho, divididos
em duas sequências, uma de figuras e outra numérica de 1 a 10, tendo como sua continuação
formada pelo Rei, Rainha ou Dama, Cavaleiro e Valete; logo, restaram mais 22 cartas
especiais, chamadas pelos italianos como “trunfos” e, pelos franceses, “atouts”, que traduz as
cartas que se sobrepõem às outras. Portanto, esta ligação de símbolos e números também está
atribuída ao baralho do povo cigano, que já utilizava como arte divinatória em suas viagens.
É possível que haja uma ligação entre a origem do baralho e os
ciganos. Alguns historiadores associam as cartas com os ciganos
originários do Indostão forçados a sair da Índia, no início do século
XV, por Timur Lenk, conquistador islâmico de grande parte da Ásia
Central e da Europa Oriental. Ibidem, p. 12.
Além disso, os ciganos ficaram por um tempo sendo conhecidos por serem os criadores do
tarô, porém, esta hipótese perde fama quando a história revela que existia o jogo de cartas
mesmo antes da chegada do povo cigano. também teorias de que o Tarô foi criado pelo
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
67
grupo Mamelucos
1
, que invadiram o Egito entre os séculos XIII a XVI, fazendo câmbio com
o sul da Europa, migrando o jogo de cartas por toda a Europa.
Sendo assim, apesar das diversas histórias e pesquisas em torno do descobrimento do Tarô, é
fato entender que inúmeros países e civilizações antigas se conectaram e migraram seus
estudos sobre o baralho místico, que perpetua até hoje. Apesar disso, sabe-se que não foram
nem os chineses e nem os mamelucos islâmicos que “descobriram” o Tarô.
Consequentemente, os chineses inventaram as cartas lúdicas chamadas de naipes, e os
Mamelucos poderiam ter migrado as cartas para toda a Europa, onde a base de invenção dos
primeiros Tarocchi ou Tarô, que são cartas com desenhos representando o cotidiano da
realeza do Norte da Itália.
Deste modo, foram diversos países que obtiveram seus conhecimentos próprios sobre o
baralho, construindo os seus significados e símbolos pela própria experiência cultural, porém,
sua dimensão mundial como um jogo místico e esotérico, associada ao inconsciente e à nossa
trajetória de vida guiadas pelos símbolos, imagens e números, são deveras assuntos que
discorremos logo adiante.
O Tarô sempre foi ponte de curiosidade e interesse de diversos pesquisadores, místicos,
magos, sacerdotisas sobre sua verdadeira fonte; livros antigos e mapeamento histórico foram
revistos por muitos, apesar disso, desvendar sua origem não é tarefa fácil, portanto, ainda
sobre o mistério que rege o Tarô, compreendemos que:
Dúvidas sobre o criador original das cartas de tarô, a época e o local
da sua criação, o significado de seus símbolos complexos e até mesmo
a origem do nome “tarô” muito tem sido debatido, inspirando
tanto uma erudição séria quanto uma especulação insana. [...].
Bem-dov, 2020, p. 20.
Sendo assim, mediante as observações de alguns pesquisadores, os primeiros baralhos de
cartas surgem na China, com outros jogos como o dominó.
As cartas de baralhos começaram a existir depois da invenção do papel, a
qual os historiadores atribuem aos chineses de mais ou menos cem anos
antes do nascimento de Cristo. Muitos historiadores acreditam que os
chineses antigos inventaram o baralho e outros jogos como o dominó e o
mahjong. Com o tempo, as cartas vieram para o oeste através de rotas de
comércio e se popularizaram nos países árabes no Oriente Médio. As cartas
mamelucas do século XIV, do Egito, são surpreendentemente semelhantes
às cartas modernas e às cartas numéricas do tarô. Louis, 2019, p. 27
1
[...] um grupo de nômades oriundos da Turquia e da Rússia e treinado para lutar ao lado dos
exércitos muçulmanos no Egito. [...]. (IRWIN, 1986, apud SANTA ROSA JUNIOR, 2010, p. 12).
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
68
Portanto, diversas fontes comentam e geram controvérsias sobre a trajetória do Tarô em
diversas civilizações. Segundo Bartlett (2011), teria surgido através dos Cavaleiros
Templários; outros afirmam que o conhecimento sobre o tarô apareceu com a chegada dos
ciganos. Logo, surge a concepção do “Livro de Thoth”, localizado no Antigo Egito como um
campo originário de descobrimento da carta.
Embora sua trajetória histórica ainda cause polêmica entre os pesquisadores e
ninguém saiba datar com precisão sua origem, evidências que permitem
descobrir várias pistas confiáveis. Supõe-se que o Tarô nasceu com o advento
da impressão no século XV e, sobretudo, com o desenvolvimento da
xilogravura. Segundo os historiadores, teria surgido cerca de quinhentos
anos e, portanto, em teoria, remontaria à época do Renascimento. Embora os
baralhos de tarô europeus tenham se inspirado nas cartas dos mamelucos
islâmicos, das quais seriam primos distantes, o Tarô teria aparecido, de fato, na
Lombardia do século XV, por volta de 1420, [...].
Parisse, 2020, p. 9.
Enfatizamos neste artigo que é improvável “descobrir” quem realmente criou o tarô para o
mundo, evidenciamos que o Tarô é um baralho místico com o intuito de promover o uso da
intuição, simbolismo e subjetividade do homem no mundo e também que foi criado e
desenvolvido por um multiculturalismo universal, baseado em civilizações antigas. O
simbolismo e o Renascimento Italiano foram marcas importantes para que o Tarô se
transformasse em um campo privilegiado do ocultismo, ou seja, foi nesta época que aconteceu
a mudança de pensamento do Teocentrismo para o Antropocentrismo, uma característica
importante para que o reconhecimento do Tarô se popularizasse na Europa, ou seja, não
negamos que o Egito, Índia e China tiveram importantes destaques na construção do baralho,
compreendemos que foi necessário a junção de várias culturas para que o único entendimento
do Tarô fosse o de desmitificar as fases do seres humanos na vida, compreendendo sua
trajetória na vida, baseada em dores, sofrimento, vida, morte, alegria, amor, saudade,
equilíbrio, força, medo, coragem, intuição, sorte; tais palavra sugerem importantes paralelos
entre o homem e o divino no mundo, contudo, o a concepção de um Deus único em palácio
com ouros e joias centralizado na religião católica, de certa forma, é questionado pelo Tarô,
que traz à tona os caminhos que cada pessoa pode seguir, por sua própria escolha de vida.
APRESENTAÇÃO DO TARÔ
Neste item, faço uma breve apresentação do baralho de Ta de Rider Waite. Antes,
precisamos relatar que não existe um único baralho correto para a leitura das cartas, pois, até
o começo do século XX as cartas existiam apenas em contextos culturais extremamente
restrito e utilizavam sua função como cartomancia, portanto, o baralho mais conhecido
atualmente, mas que não será o baralho que iremos utilizar para análise deste projeto, é o Tarô
de Marselha, inventado no século XIV, quando ao Trunfos-Tarô foram acrescentados quatro
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
69
arcanos maiores no baralho, no norte da Itália, tornando-se popular em três cidades: Bolonha,
Ferrara, Milão. Logo depois da repercussão, diversos conheciam a história do Tarô,
começando pelo baralho de Marselha, berço renascentista Italiano e antropocêntrico da época.
Porém, a expressão “Ta de Marselha” recebeu este nome no século 1856 por Romain
Merlin, livreiro e historiador de Tarô da época. Segundo Godo (2020, p. 9):
Para dar nome a uma variedade de designs intimamente relacionados
que estavam sendo criados na cidade de Marselha, ao sul da França,
desde meados do século XVII por exemplo, o Tarô de Jean Noblet
(1650); o de O Taro de Marselha; O Tarô de Marselha de Jacques
Vieville (por volta de 1650); o de Pierre Madenier (1709); o de Jean
Dodal (por volta de 1715); o de Nicolas Conver (1760); e o Tarô de
Marselha de Grimaud (1930), o mais famoso de todos.
Dessa maneira, o seguinte artigo irá se debruçar sobre o baralho de Rider Waite. O criador do
Tarô de Rider Waite se intitula Dr. Arthur Edward Waite, considerado o grão-mestre da
ordem Aurora Dourada, ordem hermética fundada em 1888, grande ocultista renomado da
época, conhecido também como o recriador do Tarô, visto que, sua interpretação do Baralho é
mais enriquecedora de simbolismo e números que fazem parte do jogo.
O Tarô foi desenhado pela artista visual e também membro da ordem Pamela Colman Smith,
suas iniciais “PCS” estão marcadas em todas as cartas do Tarô. O Baralho de cartas possui 22
Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores. Não existe uma fonte verídica, a maioria das
histórias contam que os 56 baralhos foram incorporados no jogo mais tarde, também existindo
uma sequência de Rei, Rainha ou Dama, Cavaleiro e Valete. Podemos conferir as
configurações emblemáticas que circulam entre os diferentes arcanos.
Não se sabe ao certo a origem das cartas do baralho tradicional. Nem se pode
afirmar, com certeza, se o conjunto dos 22 trunfos ou Arcanos Maiores - com
seus desenhos emblemáticos - e as muito bem conhecidas 56 cartas dos
chamados Arcanos Menores - com seus quatro naipes - foram criados
separadamente e mais tarde combinados num único baralho, ou se, desde seu
nascimento, tiveram a forma de um baralho de setenta e oito cartas. Existe, no
entanto, um ponto de concordância entre a maior parte dos estudiosos: raros
imaginam que se trataria de alguma manifestação ingênua de “cultura popular”
ou de “folclore”. Ao contrário, a abstração das 40 cartas numeradas, bem como
as evocações simbólicas dos trunfos, permite associações surpreendentes com
inúmeras outras linguagens simbólicas. (Compilação de Constantino K.
Riemma https://www.clubedotaro.com.br/site/h22_1_origens.asp)
Portanto, iremos enfatizar nesta pesquisa os 22 arcanos maiores do Baralho de Rider Waite,
são eles: O Louco, O Mago, A Sacerdotisa, A Imperatriz, O Imperador, O Hierofante, Os
Amantes, O Carro, A Força, O Eremita, A Roda da Fortuna, A Justiça, O Enforcado, A
Morte, A Temperança, O Diabo, A Torre, A Estrela, A Lua, O Sol, O Julgamento, O Mundo.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
70
O conhecimento do Baralho do Tarô para fins esotérico e divinatórios foram descobertos para
esta utilização mais tarde, pois, na realeza, o uso das cartas estavam estritamente ligados ao
cotidiano da corte da época, como casamentos, roupas e notícias do rei para o povo.
Sejam os baralhos de Tarô para fins lúdicos, dos que são para fins
herméticos e autoconhecimento, ficou definido que, o termo Trunfo
ficaria sendo utilizado às cartas lúdicas, às cartas ocultas, o termo
seria então, o Arcano. Dado os fatos, entendemos que o Tarô não
nasceu com fins místicos, e sim, tão somente, com o propósito de
contar os fatos sociais da época, sobretudo, da nobreza renascentista,
através de imagens pintadas, estampadas em cartas e utilizadas em
jogos lúdicos, que mais tarde seriam, sim, utilizadas também à arte da
divinação”. Naiff, 2020, p. 28 e 29
O Tarô é uma ferramenta precisa e preciosa para aqueles que manipulam, o sentido lúdico e
mágico sobre as cartas são existentes quando o jogo está centralizado na vida da pessoa que
consulta. O acesso ao EU - INTERIOR é o aspecto mais preciso que as cartas trabalham, pois
cada imagem e cada símbolo que nela surge tem relativos preceitos importantes sobre nossa
vida e nossas ações, mensagens intuitivas e adivinhatória para podermos caminhar em passos
firmes e confiantes em nossos sonhos e vontades internas.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
71
TARÔ RIDER WAITE
Os 22 Arcanos Maiores
Figura 01 - Taro de Rider Waite, fonte:
http://tarotoraculomilenar.blogspot.com/2011/06/arcanos-ocidental.html
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
72
O Tarô pode ser considerado um livro visual com símbolos e números, que rege sempre um
personagem com movimentos e significados sobre os objetos e a ação, ou seja, ao interpretar
cada carta o leitor sugere a si um olhar mais intuitivo e subjetivo sobre as cartas, isto é, a
necessidade de querer saber sobre a vida e os caminhos podem esotericamente ser descobertos
para aquele que interpreta.
Tudo está relacionado a cada imagem, número e história que acompanha cada peça, sendo
que, cada um tem um propósito singular e criativo particular dos 22 arcanos maiores, que
aparentemente não tem nada em comum entre eles, porém, se completam e se unem contando
uma história grafada em qualquer ser humano no mundo. Seja vivendo seus amores, dores,
momentos, lembranças, perdas e sucesso, a capacidade que cada ser humano tem de viver a
sua vida e de certo modo, escolher o seu caminho é inerente a qualquer um, isto é, as cartas
auxiliam em conjunto com a intuição a harmonização do seu atual momento de vida, abrindo
uma visão sobre algo ou alguma coisa que Nós-Eu não costumava enxergar.
Sobretudo, cada signo contido na carta do Ta equivale a um significado subjetivo e
instintivo daquele que interpreta, isto é, fases da vida que lidam com saúde, relacionamentos e
trabalho.
Vamos agora apresentar algumas cartas dos 22 Arcanos Maiores e seus receptivos
significados.
A NARRATIVA DO TARÔ
O Tarô pode funcionar como uma carta enigmática e oculta, ou seja, um baralho com imagens
e símbolos que possuem significados e sentidos para situações cotidianas da vida. Neste caso,
utilizaremos como fonte de pesquisa as 22 cartas dos Arcanos Maiores, nos quais podemos
compreender que este conjunto relata uma situação futura mais precisa da vida daquele que a
interpreta, segundo Aranha (2010, p.17), “Tudo se relaciona a partir da exclusividade de cada
imagem, de cada detalhe desenhado minuciosamente, tecendo um propósito criativo na
sequência lógica e particular do caminho dos 22 Arcanos”, ou seja, mesmo cada carta
possuindo o seu lado particular, elas possuem algo em comum no seu todo, símbolos ocultos e
uma narrativa da história.
A utilização das imagens como um fator de adivinhação faz parte de uma narrativa que
acompanha a evolução dos homens desde sempre, pois os seres humanos necessitam
transmitir mensagens e se conectar ao conhecimento; cada carta conta uma história sobre algo
e sobre alguém, além disso, os Arcanos Maiores são fontes importantes de destaque para esta
história, visto que os 22 Arcanos são mais precisos sobre cada particularidade da vida das
pessoas e as fases que cada ser humano passa para evoluir, logo, compreendemos narrativa
segundo a perspectiva de que ela:
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
73
(...)está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as
sociedades; a narrativa começa com a própria história da humanidade; não há,
nunca houve em lugar nenhum povo algum sem narrativa; todas as classes,
todos os grupos humanos têm as suas narrativas. A narrativa está sempre
presente, como a vida”.
Barthes, p.103-104
Contudo, ao nos debruçarmos sobre o estudo do Tarô, como mistério, oculto, esotérico,
místico, entre outros adjetivos pertinentes, compreendemos que este desconhecido pode falar,
que as imagens e os símbolos que cada carta propõe pode comunicar situações que não
conseguimos enxergar. Este desafio começa a ser decifrado quando compreendemos que a
palavra “Arcano” significa “Mistério”, esta obra silenciosa traz interpretações enigmáticas,
que estão vinculadas ao nosso cotidiano. Portanto, se invertemos as letras da palavra Tarô,
construímos outra palavra chamada “ROTA”, o que Oswald With intitula como caminho
simbólico para a compreensão dos 22 ARCANOS, no entanto, ROTA traz o sentindo de
distribuir os 22 arcanos de maneira circular a começar pelo arcano 1 e terminar no Arcano 22
ou 0.
Carta 02: A Sacerdotisa
O enigma posto nesta carta, faz jus à sua simbologia, uma mulher sentada em um trono, em
seus pés tem a lua, e ambos os lados possuem cores diferentes, lembrando o yin e yang, esta
carta é o símbolo da intuição, da energia passiva, e do inconsciente, tem total conhecimento
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
74
sobre a sabedoria interna, o mistério, a quietude, indicando que temos que parar e ouvir a voz
interna em nós mesmos, além disso, é uma carta que estimula as situações externas a se
moverem.
Carta 15: O Diabo
Uma das cartas mais temidas do baralho, quando aparece o The Devil para o jogo os
relacionamentos estão postos sobre a mesa. Simbolicamente, nota-se um homem e uma
mulher juntos, relacionando-se com a imagem católica de Adão e Eva, pois os dois estão
acorrentados, por vontade própria; visualmente nos deparamos com a ideia de um
relacionamento tóxico, abusivo, violento. A carta do diabo, é uma carta misteriosa, pois, é um
ícone que está em nossa vida, porém, a ideia de existir um diabo é negado por alguns por estar
relacionado com a religião católica, e mais: á mentira, aos vícios, ao medo, à persuasão, à
falsidade, à maldade, ao egoismo, à violência, que são aspectos negativos que envolvem esta
carta e tudo aquilo que existe em nosso mundo.
Desta maneira, analisaremos, quatro cartas: o Louco, Mágico, a Sacerdotisa e o Diabo para
compreendermos que as cartas do Tarô representam uma concepção do lúdico e da arte
divinatória, ou seja, um simbolismo advindo do inconsciente humano nos revela fatos de
nossa vida que não compreendemos, mas que estão acontecendo. Portanto, seguiremos para o
próximo tópico para entender melhor esta concepção.
O SIMBOLISMO E ESOTERISMO NO TARÔ
O simbolismo tem fontes de nascimento no século XVIII e constituiu seu crescimento no
século XIX, logo, a revolução industrial nasceu para compreender o mundo de uma maneira
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
75
efêmera, rápida e fugaz, ou seja, foi neste crescimento das máquinas e da necessidade do
homem em trabalhar em produzir rapidamente e sem a necessidade de pensar sobre ele
mesmo no mundo, que a humanidade constrói um conceito diferente, o simbolismo, nascido
para significar as situações humanas através da arte, questionando, refletindo este homem e o
mundo em que habita.
A contemplação da palavra “esoterismo” contém fontes diversas e repletas de segredos e
contradições, indícios de que, segundo Jean-Pierre Laurant, o termo “Esoterismo” surge pela
primeira vez em 1742 num autor maçom
2
,“.. e remete a um ensinamento interno, ou
secreto, ministrado nas Lojas apenas aos seus integrantes” (cf. Laurant, 1995, p.12). Com esta
descoberta, a palavra esoterismo possui outros sentidos, como: 1) O de um caminho ou prática
que dirige aquele que o segue a um lugar o qual conteria um tipo superior de conhecimento
através do contato direto com a tradição ou 2) o de conhecimento rejeitado, marginalizado
por uma tradição hegemônica (cf. Faivre, 1994, p.10). Os estudos das escolas e dos métodos
que eram aprendidos poderiam ser uma fonte importante de contato com o esoterismo, o
estudo do místico e do oculto eram uma maneira de alcançar o lugar que se quer atingir.
Portanto, sabe-se que apesar dos estudos sobre esta palavra na filosofia ocidental, tudo que
contém a palavra esotérico” é rejeitado como algo negativo, portanto, este pensamento é
onipresente do homem que não quer pensar fora da caixa e alega que tudo está no dogma da
religião. O pensamento do homem é racional, sendo ele mesmo que determina aquilo que
entra no campo como aceitável ou passível de estudos.
O Julgo da Teologia acerca do esotérico o tornara periférico ou
excluído; entretanto, o desmantelamento do lastro que sustentava a
hegemonia da Teologia fez surgir um campo vasto passível de
inúmeras abordagens, sem a necessidade da Teologia para acessá-la.
Ou seja, foi primeiro necessário “ir para fora do teológico, para
acessar o esotérico por meio dele mesmo (o interno), ou seja, desde a
perspectiva - no sentindo mesmo de visão - do esoterismo,
recuperando-o do exílio, do claustro teológico.
Vieira, Santana, 2014, p. 5.
Tudo está na questão de dentro e fora, aquilo que faz sentido para eu expressar para o mundo
e naquilo que eu realmente acredito que seja verdade, e que muitas vezes está oculto sobre os
meus próprios pensamentos, por medo, e receio da negação das pessoas que não se adentram
ao desconhecido. Trabalhar o nosso instinto é não esquecer que somos humanos, vivemos em
um mundo onde presenciamos o racional como maneira de compreender a vida, e esquecemos
da veracidade de que nosso instinto trabalha a nosso favor, pois o nosso pensar e agir está
inteiramente ligado ao que pensamos. De acordo com Jung (2013g, p. 230), “As formas de
pensar e agir do ser humano não seriam fruto do acaso, mas seriam influenciadas por trilhas
de possibilidades pré-estabelecidas, presentes na própria estrutura do cérebro”, sendo assim,
2
La Tierce, Nouvelles obligations et status de la très vénérable corporation des francs maçons, 1742.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
76
Freud compreendia que o instinto sexual era fonte potencial de desenvolvimento da mente do
homem, logo, diferente de Jung, o mesmo pensa que existem outras fontes de instintos.
Basicamente, existem grupos de instintos que Jung propõe como reflexão: o instinto de
autopreservação, da preservação, reflexão, ação, criatividade; neste ínterim, iremos relacionar
o instinto da reflexão como forma de união com os elementos de interpretação do Tarô, pois é
pelo uso das cartas do baralho que fazemos associações que confrontam nossa vida. Segundo
Gonçalves( 2021, p. 120) “o que leva a uma maior variabilidade de suas respostas,
funcionando como uma espécie de raciocínio instintivo, que está na base das produções
culturais mais complexas”, ou seja, é através do instinto de reflexão que permeia os hábitos
cotidianos que atingimos a compreensão sobre o rumo da vida, portanto, o uso do Tarô como
um baralho místico está voltado para a reflexão dos nossos atos presentes e futuros. Assim
demonstra o pensamento de Naiff (2020, p.13),
Quanto à sua literatura propriamente dita, registros nos mostram que
por muitos séculos o Tarô foi utilizado simultaneamente, tanto de
forma lúdica quanto espiritual. É importante observar esse aspecto,
pois na Europa ainda se utilizam as cartas do Tarô para torneios de
jogatina. Por isso, em francês, para se definir a forma de utilização
das cartas, se diz: tarot a jouer ( tarô para brincar, jogar) ou tarot
divinatoir ( tarô para adivinhar, ler). Em toda a América do Sul e
Central, onde não a cultura de “brincar” com o tarô, algo
parecido com o famoso jogo do buraco, não se faz essa distinção, pois
é tido como algo intocável e sacralizado. Contudo, tanto na Europa
quanto nos Estados Unidos, quem faz uso da jogatina não utiliza o
oráculo e vice-versa. É tudo uma questão de crença e cultura.
Portanto, é a partir das cartas lúdicas e esotéricas que compreendemos, através da nossa
intuição, os simbolismo que cada revelação mostra para nosso dia. A tiragem de cartas feita
pela pessoa que estuda tarô é compreendida por vários aspectos, entre elas estão o uso da
intuição como maneira de interpretar o simbolismo existentes que se relacionam com o
mentalizado, e a reflexão sobre o que a pessoa que pediu a leitura espera, pois a conexão
parte da sintonia das duas.
As mulheres que dominavam sobre a arte da adivinhação eram chamadas de cartomantes
3
.
Mulheres e homens iam atrás das consultantes das cartas mágicas para saber sobre saúde,
relacionamento e trabalho. Contudo, a aceitação das mulheres no ciclo ocultista aconteceu
no século XIX, sendo desta época os primeiros registros de tarô como preceito divinatório.
3
Um fato curioso: somente os homens podiam ilustrar e produzir as cartas do Tarô, as quais
utilizavam em sua forma lúdica, enquanto as mulheres jogavam também em sua forma oracular.
Podemos assegurar que o Tarô adivinhatório (oráculos, espiritualidade) era essencialmente uma arte
feminina e, talvez, por estar inserido em uma sociedade misógina, as ocultista tenham de recusar a
estudar sua rica simbologia (NAIF, 2020, p.13).
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
77
Contudo, o uso das cartomantes para a leituras de cartas, significou uma desconstrução da
misoginia e sexismo, marcando a história da luta feminista, pois, é com este debate que o
esoterismo se revela uma arte divina oculta. Os simbolismos nas figuras das cartas que
decodificam verdades da vida alheia, o presságio, o aviso, aspectos que também resultam de
reflexão sobre os próprios atos, tornam-se parâmetros importantes para levarmos o Tarô para
outro patamar de compreensão. Além disso, os personagens que atuam em cada carta estão
revestidos de contos e histórias que se reproduzem em nosso cotidiano.
HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA
A Narrativa é uma história que está em nossa vida, um contador de história precisa sempre
relatar os fatos, os personagens e os momentos em que se passa o enredo. Sobre isso, o
escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, caminhou em passos firmes e lúdicos quando
escreveu o livro Palavras Andantes, uma obra de 2017 (1ª ed.), as gravuras são de José
Francisco Borges, com um toque da tradição do cordel. Um livro lindo, simples e folclórico.
Muitas das histórias descritas por Galeano são de cunho humilde, simbolistas, com imagens
que desenham o pensamento do leitor em se aprofundar na obra, em que aparecem animais,
pessoas, roupas, situações cotidianas, relacionamentos, morte, saúde e mistério, para
enumerar algumas das palavras abarcadas por este livro.
Sobretudo, compreender a obra está muito além do que ler e interpretar, afinal o leitor se sente
imerso e aflito em cada palavra de Galeano. A história é corrida, explicativa e, além de tudo,
enigmática. O brincar com a situação de miséria vem carregado de questionamentos e
significados folclóricos em cada conto. Diante disto, iremos analisar o conto “História da
Redenção da Pobreza”, que se inicia na página 173. Primeiramente, ao abrir este capítulo da
obra, você se depara com figuras interessantes feitas pelo artista J. Borges; logo na primeira
página você encontra mulheres carecas ao redor de uma pedra, com gestos de religiosidade,
como se tivessem rezando para alguém, logo, os homens estão ao lado erguendo as mãos,
como se quisessem tocar nas mulheres. Ao lado, você encontra a foto de um homem com dois
chifres e uma cauda, simbolizando a imagem de um demônio, ele está carregando um animal
que lembra um caranguejo.
De acordo com esta primeira página do conto, podemos referenciar vários detalhes simbólicos
que o Tarô atravessa em cada carta. Porém, iremos analisar este fato ao final deste capítulo
para compreendermos melhor; seguiremos com a contação da história para conhecer o seu
todo. A história começa com a seguinte citação:
O derradeiro galo tinha virado sopa. As viúvas cavavam a terra à
procura de grãos; e encontravam lixo. A aldeia estava nas últimas.
Não havia mais nenhuma única moeda para pagar os mercadores que
muito de vez em quando passavam por ali. Eles cobravam levando a
única coisa que havia; as mulheres ficavam com cabeça raspada e os
homens com um rim só.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
78
Galeano, 2007, p. 173.
Neste episódio, vemos a alusão que dialoga com as imagens que estão no começo da obra, em
seguida, Felicinto, que é o protagonista da história, entra em ação, para transbordam as
dúvidas e questionamentos.
Em plena noite, Felicinto foi pescar alguma coisa para aliviar a fome.
Ia a caminho do rio, quando de repente o mato despencou em cima
dele e o encurralou. Os tentáculos cheios de espinhos cortaram-lhe o
passo e atacaram. Felicinto se defendeu a golpes de facão, mas os
galhos cortados tornavam a se unir e o matagal cortado tornava a se
erguer. E o mato o estava devorando, quando de repente uma
língua de fogo abriu caminho para Felicinto, no meio do
emaranhado.
Galeano, 2007, p.173 e 174.
Felicinto, nesta história, é o protagonista, ele caminha sozinho por um certo momento, até que
encontra um companheiro que segue com ele a viagem, um desconhecido. O viajante que está
com Felicinto era um homem lavrado de diamantes e com chapéu de peão que de tão grande
que escondia o rosto.
Não trocaram nenhuma palavra. No meio do caminho, o caminhante
parou para fumar. Não ofereceu, e Felicinto teve a atenção chamada
para o estilo: o homem arrancou um dólar da orelha, esfregou-o
contra a unha, fez chama. Quando acendeu o cigarro, todas as suas
roupas se iluminaram feito brasa ardente, da única bota ao chapéu de
Jalisco, empetecado de joias. Galeano, 2007, p. 174 e 175.
A história transmuta do enredo e passa para o dico, ou seja, o homem que caminha com
Felicinto é um desconhecido, com a magia em suas mãos, o místico e o esotérico, aquilo que
não podemos compreender a olho nu e que está repleto de símbolos. Portanto, antes mesmo
de Felicinto observar aquelas joias e pedir um empréstimo para comprar comida, o galo canta
quando o homem misterioso acende uma chama de fogo na palma da mão, e encendei-a tudo
o que é visto, terra, árvores. Esta parte da história é marcada de tragédia, segundo Galeano
(2007, p. 175), “Era o último galo da aldeia, o galo sacrificado, cantando da morte: cantava
fora de hora, pelo puro prazer de incomodar. E assim que o cacarejo rompeu a noite, o
luxuoso cavalheiro desvanece-se no monte”. Por fim, o estranho personagem que se uniu à
caminhada de Felicinto era um mago? Bruxo? Demônio? Muitos questionamentos sobre
quem poderia ser este personagem.
Ao longo da história, o protagonista não consegue mais sobreviver na terra, pois tudo estava
queimado, e não havia mais onde pescar e nem dormir. Depois do momento turbulento, entre
as queimadas, ele encontra a dama da noite que lhe fez um trato, por Felicinto não pedir nada
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
79
em troca para o diabo, a mulher de véu preto lhe ofereceu pedras em troca de um beijo, logo,
em todo o local que ele observava podia colher pedras.
No dia seguinte, Felicinto encheu um saco de pedras, jogou-o às
costas e começou a caminhada para a cidade de Oaxaca. Caminhou
vários dias, curvado pelo peso. E num mercado dos subúrbio, sentado
no chão, anunciou sua mercadoria. Desde o amanhecer, Felicindo
passou gritando: - Pedras! Pedras! Ninguém comprou.
Galeano, 2007, p. 177.
Ao longo da história, o protagonista não consegue vender as pedras, e no caminho para um
lugar sem rumo, encontra uma senhora que aparece como um vulto, ela lhe oferece uma
comida e uma máscara para que se esquentasse do frio, logo, o louco volta para o seu
caminho sem destino e continua um trajeto de ida e sem volta, sem olhar para trás, encontra a
sorte no caminho, ele coloca a máscara. “Com isso, cubra a sua cara, que é o que tem de mais
despido(Galeano, 2007, p. 177). Dessa maneira, ele esquece quem era ou o que foi no
mundo e passa a assumir outra identidade.
A máscara que lhe foi dada era um símbolo de que nunca mais Felicinto pode se desfazer,
pois, ao caminhar para outros trajetos em sua vida sem direção encontra um grupo de homens
que observa dormindo.
Felicindo não tinha visto que havia outros homens dormindo no calor.
Eles despertaram antes dele, com as primeiras luzes, e ao vê-lo,
gritaram: - O diabo! e perderam-se em disparada no horizonte. A
gritaria fez com que ele pulasse. Felicindo viu aquele pessoal voando
na poeira, e num prado vizinho viu algumas mulas pastando. Os
ladrões haviam abandonado, nos alforjes das mulas, os lingotes de
ouro do banco que tinham assaltado.
Galeano, 2007, p.177.
Em suma, a história da redenção da pobreza é um conto fantástico de mistério, fantasia,
folclore, superstição e tem um enredo muito forte no inconsciente do homem e seu caminho
no mundo, como um viajante sem rumo em busca de comida. Portanto, analisaremos a relação
simbólica que as cartas do Tarô têm em comparação com a história relata.
OS ARCANOS MAIORES E OS SÍMBOLOS DA HISTÓRIA
A princípio, o conhecimento sobre o baralho Tarô de Rider White tornou-se o viés para que se
fizessem a comparação com o conto de Eduardo Galeano, “A história da redenção da
pobreza”, . Quando me propus a pesquisar o Tarô, cartas nos quais eu jogo faz dois anos, eu
compreendi que o caminho de qualquer ser humano é entendido por suas relações e pela sua
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
80
ação de aceitar o seu próximo caminho, e sobre isso é que a relação do conto com o tarô se
faz.
Em todo o trajeto da história, Felicinto está à procura de comida e de um lugar para morar.
Morando em uma vila sem condições e prestes a ser invadida pelos policiais, ele teve a
escolha de caminhar sem rumo à procura de comida, nisto o símbolo de caminhar sem rumo
ganha significado com a carta do Louco dos arcanos maiores, sendo a primeira carta do
baralho. Segundo Eliana Sousa, do blog Tarot Farm:
Quando o Louco estiver em sua tiragem de tarot, esteja pronto para
viver o momento. Ele aponta para um novo começo emocionante, que
envolverá assumir riscos. Esteja aberto a essa oportunidade e tenha
no caminho à frente. A recompensa por dar o salto de fé tem potencial
ilimitado. Mesmo que o Louco não venha com uma promessa de
sucesso, ficar parado para sempre impedirá que você alcance todo o
seu potencial. Sousa, 2022.
Neste ínterim, observamos o trajeto do protagonista e entendemos que sua ação na história
transmuta com a do Louco, sem saber para onde ir, somente atrás do que precisa naquele
momento, sem olhar para as consequências, ou seja, Eduardo Galeano cria um personagem
viril e sem conhecimento sobre as circunstâncias que a vida poderá mostrar. Logo, no
decorrer da história, outro viajante faz companhia para Felicinto, porém, em nenhum
momento os dois trocam olhares, então, com a ação do galo que está se preparando para a
morte, o homem se revela um mágico, mago ou amesmo um demônio. Ou seja, o fogo nas
mãos, inesperadamente, queima pedaços de terras com frutos e lugares para descanso e com
esta magia o personagem some e fica somente a destruição.
Apesar disso, Felicinto continua caminhando à procura de comida e um local para dormir, não
encontra e fica desolado, no meio do caminho, encontra um vulto de uma mulher com véu
preto, que se chama dama da noite e enfeitiça o personagem e diz que ele pode conseguir tudo
o que deseja, pois em nenhum momento ele pediu nada para o demônio. Nesta parte do
enredo, podemos considerar que a dama da noite é uma feiticeira ou a sacerdotisa, que se
encontra também no tarô, visto que, a carta 2 dos arcanos maiores simboliza a intuição, o
recebimento do inconsciente. Esta carta simboliza o yang e yin, possuindo todos os elementos
de transformar a realidade externa. Com isso, o personagem caminha com um amontoado de
pedras nas costas à procura de alguém para comprar.
Todavia, Felicinto caminha devagar e com pedras em suas costas, de modo a trocar por
dinheiro ou comida, mas não encontra ninguém que queira e, no meio do caminho, sozinho e
com fome, encontra novamente uma senhora. Ela está comendo um empada, que oferece para
ele, que aceita um pedaço. Quando ela entrega a comida também mostra uma máscara.
Contudo, Felicinto aceita a máscara, para cobrir o rosto; “Com isso, cubra a sua cara, que é o
que tem de mais despido” (GALEANO, 2007, p.177), assim a mulher diz, e desaparece. O
protagonista coloca a máscara e volta para a aldeia. Ao dormir no trajeto, um grupo de
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
81
rapazes se assusta com a imagem de Felicinto, pois ele tinha se tornado um demônio, havia
chifres em sua cabeça e uma cauda pontuda.
Afinal, a história não poderia se tornar algo tão diferente do que o baralho do Tarô, que
simbolicamente remete a fases de nossa vida, em que, certa vezes, somos um demônio, um
louco, uma sacerdotisa, um mágico, e conforme caminhamos em nosso trajeto nos
modificamos, pois o nosso cérebro funciona pela ação do corpo e pela objetividade da mente,
e nesta relação de reflexão surge a intuição, que nos guia. Com isso, nesse paralelo entre o
Tarô e o conto de Eduardo Galeano, estabeleço os componentes simbólicos que cada história,
seja ela fictícia, folclórica, possui. Em síntese, se até os contos têm símbolos que nos traduz a
vida, por que de fato o tarô não será um meio de relacionar a nossa vivência?
CONCLUSÃO
Como resultado esperado deste artigo, o simbolismo foi uma vertente que passou por diversos
episódios de compreensão para se tornar o que tanto utilizamos em nosso meio, logo, o Tarô
convoca este entendimento para que nós possamos transicionar entre os dois mundos, a
descoberta dos símbolos com a utilização das cartas do Tarô; portanto, as imagens e números
que cada carta dos 22 Arcanos maiores revela são imagens efetivas, intuitivas que levam à
descoberta de revelações da nossa vida e dos objetivos, como também em relação à saúde, aos
relacionamentos e ao trabalho. Esses parâmetros são utilizados pelas cartomantes a fim de
descobrir algo que por muitas vezes está em nossa visão e não conseguimos perceber.
Logo, a história de Eduardo Galeano, em seu livro Palavras andantes, especificamente no
conto ”História da Redenção da Pobreza”, tem como primícia a vida de Felicinto, um homem
comum, que está em busca de casa e comida. Durante todo o trajeto deste personagem na
história, compreendemos que as cartas do Tarô simbolizam o trajeto de vida, logo,
evidenciamos que a carta do Louco relaciona com a situação inicial de Felicinto nesta história,
indeciso, aflito, curioso, preocupado, aventureiro, aspectos inerentes à simbologia do Louco,
no decorrer da trama, notamos, ainda, o aparecimento de outro personagem, sem
identificação, mas, em sua única ação na história, mostra que é supostamente um mágico que
está guiando Felicinto para algum local. Quando o mágico traz o caos, o protagonista não
saída e continua caminhando.
Neste impasse, sem saber para onde ir, encontra uma mulher misteriosa com um véu preto
entre o rosto, que lhe oferece um beijo e comunica palavras de poder para sua vida, quando
ela aponta para um monte longe da vista dos dois, pedras surgem, portanto, a Feiticeira surge
na trama ou a sacerdotisa, que vem para indicar intuição e aproximação com a sabedoria, pois,
por muitas vezes Felicinto na história caminhava e não percebia, somente enxergava o que era
necessário para ele naquele momento. Logo, Felicinto fica radiante e leva todas as pedras que
consegue carregar, chega em um vilarejo e custa a vender e, por fim,não consegue;
novamente, segue o rumo, perdido e sem saída.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
82
No decorrer do caminho, encontra uma mulher idosa, que não mostra a face, oferece pão e
uma máscara, dando a entender que, ele precisa cobrir pelo menos o rosto para não passar
frio. A questão dos Arcanos Maiores que está sendo analisada nesta história é: quem poderá
ser esta senhora misteriosa? Um demônio? Abraçando esta concepção como simbólica,
entendo que a mulher velha que lhe entrega a máscara é um demônio que lhe transfere um
fardo que ele precisa carregar pelo resto da vida, assumir uma identidade que não é sua e,
mesmo assim, viver acorrentado na riqueza e na fartura.
Embora esta história de Eduardo Galeano, seja um conto para encantar, justificar e até mesmo
refletir, compreendo que esta história tem muitos aspectos semelhantes em nossa jornada
como seres humanos, ainda mais quando utilizamos o Ta gico para mostrar nossa
“sorte”, ou seja, mostrar o que não conseguimos ver. Esta é a verdadeira maneira que entendo
o tarô: um baralho esotérico, repleto de mistérios e que nos completa com perguntas sugeridas
através dos símbolos. Dessa maneira, utilizamos a nossa intuição e os aspectos que envolvem
nosso cotidiano para revelar a verdade por trás de cada carta. Enxergar menos e perceber
mais.
Enfim, o artigo trouxe para esta pesquisa contribuições veementes, verdadeiras e interessantes
para o mundo. A história do tarô torna-se um mistério, pois, apesar de nascer em berço de
uma mistura multicultural e migratória e, ao mesmo tempo, ser fonte artística de
contemplação, os desenhos de cada símbolo do tarô foram criados intuitivamente e advindo
de uma mulher com fortes traços de uma repreensão social na época, ou seja, as mulheres não
podiam ler o tarô, eram proibidas, pois não eram dadas como dignas, logo, este cenário
mudou, e as cartomantes mulheres são atualmente as que conquistam este patamar. Também
temos a linda obra de arte do livro de Eduardo Galeano com seus contos, que reverberam
reflexões sobre a nossa sociedade e sobre nós mesmos. Foi nesse sentido que aqui se propôs
entrelaçar esses mundos e correlacionar a perfeição que é relatar uma história traçada por
outras mãos e outros olhares, mas que permanece única para aqueles que utilizam o Tarô e o
Conto “História da redenção da pobreza”, que se tornam únicos graças ao olhar de um
espectador que caminha com suas próprias bagagem no mundo e que, dessa maneira, pode
tirar sua própria sabedoria sobre o ocorrido.
Neste ínterim, abraço a arte de poder relatar e refletir os arcanos maiores, em contraponto com
a obra de Eduardo Galeano, é neste aspecto subjetivo que utilizamos para nossas vidas
premissas importantes do nosso trajeto como seres humanos, o conhecimento da sabedoria
sobre todas as coisas no mundo.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Laurant, J., (1995). O Esoterismo. São Paulo: Paulus.
Faivre, A., (1994). O Esoterismo. Campinas. SP: Papirus.
Heinemann de Souza Aranha, R., (2010). Os arcanos maiores do Tarô e a pintura simbolista
do séc. XIX: uma visão interpretativa da correlação arquetípica. Dissertação (Mestrado) -
Programa de Pós - Graduação em Artes da UNICAMP, Campinas - SP. Disponível em:
ttp://repertorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/284920.
Bem-Dov, Y., (2020). O tarô de Marselha revelado: um guia completo para o seu simbolismo,
significados e métodos. (Tradução Denise de Carvalho Rocha). São Paulo - SP: Editora
Pensamento.
Barthes, R., (1990). O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
Santa Rosa Júnior, C., (2010). Cartas Marcadas: Multimodalidade discursiva e Transitividade
em baralhos de tarô, 2010. Mestrado em Letras Instituição de Ensino: Universidade Federal
de Pernambuco, Recife - PE, Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da UFPE. Disponível
em: https://repositorio.ufpe.br/xm lui/bitstream/han le/
123456789/7673/arquivo454_1.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 22 fev.2018
Louis, A., (2019). O livro completo do tarô: um guia prático de referências cruzadas com a
cabala, numerologia, psicologia, jungiana, história, origens, os vários tipos de tarô e muito
mais. ( Tradução Marcelo Brandão Cipolla). São Paulo - SP: Editora Pensamento.
Bartlett, S., (2011). A Bíblia do tarô: o guia definitivo das tiragens e do significado dos
arcanos maiores e menos. (Tradução Eddie Van Feu e Patrícia Balan). São Paulo - SP:
Pensamento.
Parisse, F., (2020). Tarô de Marselha: A jornada do autoconhecimento. Guia do usuário para
tiragens e interpretações. (Tradução Karina Jannini). São Paulo-SP. Editora Pensamento
Cultrix.
Godo, C., (2020) O Tarô de Marselha. Prefácio Luis Pellegrini. 2. ed. São Paulo - SP. Editora
Pensamento.
CLUBEDOTARO - “S/ autor”, Base de Dados Tropical: BDT in Brasil. Disponível em
<http://www.clubedotaro.com.br/site/index.asp Acesso em 3 de junho de 2010. (Compilação
de Constantino K. Riemma https://www.clubedotaro.com.br/site/h22_1_origens.asp )
Naiff, N., (2020). Curso completo de Tarô. 12. Ed. São Paulo - SP: Editora Alfabeto.
Leticia Fátima Arruda
TARÔ E ARCANOS MAIORES: COMPONENTES SIMBÓLICOS DA NARRATIVAS TEXTUAL DO
CONTO “HISTÓRIA DA REDENÇÃO DA POBREZA” DE EDUARDO GALEANO
84
Jung, C.G., (2013). “O Significado da constituição da herança para a psicologia”. In: JUNG,
C. G. A dinâmica do inconsciente: a natureza da psique. 10.ed. Petrópolis: Vozes (Obra
completa de C. G. Jung Vol, 8/2)
Gonçalves, G., (2021). Os instintos nas neurociências afetivas e na psicologia analítica.
Junguiana, v.39-2, p.117-130. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica.
Sousa, E., (2022) Tarot Farm. O Louco o significado do Tarot. Fonte:
https://tarotfarm.com.br/o-louco-significado-no-tarot/ (Último acesso: dez, 2022)
Galeano, E., (2007). As Palavras andantes. Tradução de Eric Nepomuceno. Porto AlegreRS:
Editora Pallotti.
REFERÊNCIAS FIGURAS
Figura 01 - Taro de Rider Waite.
Fonte: http://tarotoraculomilenar.blogspot.com/2011/06/arcanos-ocidental.html
Carta 2: A Sacerdotisa.
Fonte:ttps://www.dmastro.com.br/dmastroblog/produto/quadro-emoldurado-taro-rider-waite-
arcano-maior-2-a-alta-sacerdotisa-de-arthur-edward-waite-e-pamela-colman-smith/
Carta 15: O Diabo .
Fonte:ttps://www.dmastro.com.br/dmastroblog/produto/quadro-emoldurado-taro-rider-waite-
arcano-maior-15-o-diabo-de-arthur-edward-waite-e-pamela-colman-smith/